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Músicas que me deixam muito feliz também me deixam muito triste, porque eu lembro que em algum momento a felicidade se finda e ficam só as lembranças. Talvez elas devessem bastar, mas não bastam. Os vestígios, a antiga luz de uma chama que não queima mais, a brisa leve de uma ventania que já passou faz tempo… Sério, eu não sei como vocês lidam com isso e não enlouquecem. Na verdade, nem todo mundo sai dessa muito são, é só parar pra reparar.
Estou aqui ouvindo minhas músicas favoritas do momento, sentindo o peito vibrar de uma energia gostosa e melancólica ao mesmo tempo. Sei explicar não. Quero chorar de emoção e de tristeza ao mesmo tempo, porque eu sei que daqui a pouco eu não vou sentir mais nada disso. Talvez fique chata demais pra me sensibilizar ouvindo uma música ou desacredite no amor em algum momento ou passe a olhar tudo de maneira saudosa demais pra me envolver ao envelhecer.
Aliás, que medo que dá crescer, envelhecer, amadurecer! Fica tudo tão automático, tão da boca pra fora, tão superficial. Como se a casca que a gente vai criando pra não se machucar com facilidade deixasse a gente de pedra, insensível, sem graça, comum demais pra se importar, pra sentir, pra chorar, pra se sentir no direito de se divertir e de se deslumbrar com as coisas. Volto a dizer que, sério, eu não sei como vocês aguentam. Assim como não sei como eu aguento e levanto todos os dias sabendo disso e mais um pouco e, ainda assim, não querendo desistir, nem desacreditar e, muito menos, deixar de sentir isso tudo.

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